terça-feira

the illusions


Há ilusões que se quebram inesperadamente, fantasmas que se esfumam de repente, delírios voluptuosos que não passam disso mesmo:alucinações,esperanças.Entregamo-nos a outros de alma e coração,de forma pura e dedicada, em malícias ou segundas intenções e recebemos pontapés no espírito e destruição de afectos.De forma crua e rude.Quase desumana.
 Já a decepção crava-se no alento e impede-nos de rapidamente voltar a acreditar.A dor da desilusão é lancinante. Dói, dói e dói. Pesa, ofende e magoa.Tremendamente.A vontade de perguntar o porquê grita no espírito, todavia a razão sobrepõe-se e impõe o afastamento.Que dói, dói e dói.Horrivelmente.Como nunca imaginámos possível chorar.Nestes instantes um pedido de desculpa resolveria muito. Não tudo, mas muito.Junta-se um coração de pedra ou pior… um vazio no seu lugar. E gente de coração oco, o tal fantasma, não deverá ocupar um lugar pleno no nosso amar.mplode os sons e explode o silêncio, naquela fuga calada de ar que não chega longe.Difusa num recanto qualquer,sem mãos que as segurem,nada são. Meras pautas vazias, desabitadas de emoções e de voz cantante.

sexta-feira

Je T'aime


O carvão do lápis desliza negro e convicto numa folha solta de um caderno qualquer.Desenha certo mas sem destino,que rebola no papel em danças redondas,em desenhos imprevistos,em corno-cópias estampadas ao acaso.Símbolos mitológicos que em espiral aqui vertem amplitudes que não sinto.
Dou por mim a rabiscar sem pensar, perdida em pensamentos que convergem em ti.
 Gostava de não me lembrar tanto da tua ausência,de não me lembrar tanto de ti...preferia não sentir a falta do teu toque, do teu calor. Seria tudo muito mais fácil,acreditava assim que não seria impossível.
Sem querer escrevo uma palavra entre garantias,letras que se juntam,que se agrupam para me gritar bem alto o que sinto: "Amo-te".
Amo-te? Sim, amo-te.
O inconsciente pintou aqui o que a minha alma sente, o que o meu coração chora,o que não quero dizer, onde me vou enganando no meio do negro do carvão.
Repetia-me em "amo-tes" que se reproduziam por entre linhas e sombras, num exercício que puxava a intensidade dos meus sentimentos.Novas fotocópias e rabiscos surgiam sem significado aparente.
Estou inquieta, triste, desiludida, não acato este estado, não me acomodo nesta fase que preciso que seja uma passagem,uma ponte para algo mais,uma ponte para ultrapassar caminhos.A ponte dá voltas e voltas e não passa para o outro lado. Para trás não volto, para a frente andar não consigo,nem a correr me imagino.
Mergulho no lado escuro do poço dos meus desejos, nocturno e frio,sombrio e pacato este lugar onde eu mesma me trouxe, que eu mesma procurei,que eu mesma escolhi.
Sinto no pequeno fusco de luz a minha fronteira, e peço por favor 'dá-me a mão', puxa-me para ti e ajuda-me a subi-la... sem ti não o conseguirei fazer.

meu amor,meu anjo,meu pequeno anjinho


É meu amor,os anjos também erram,principalmente consigo mesmos ou inclusive com outros anjos que pousam na nossa vida.E com isso sofrem e choram também.Não são de ferro, nem de aço.Pergunto-me se estas gotas doces que se misturam com as minhas salgadas serão aquelas lágrimas que não admites verter...Sim, chego-me mesmo a questionar.
Eu não sou um anjo como me chamaste um dia,nunca fui..nunca serei.Sou tremendamente terrena, amante do pecado,que não mora ao lado mas em mim...cá dentro,bem fundo, onde só um anjo chega e que só um anjo saboreia,e chega a desejar.Doce agreste no palato de quem só mel prova, acidez que pica a ponta da língua,que solta arrepios até no corpo do mais santo anjo.
Respiro fundo esta água de chuva húmida que lentamente me evapora,que dissolve e me escorre pelo corpo,numa busca inexplicável de ti.Apetece-me dizer tudo a que hoje tenho direito,como se o proibido fosse a prazo,como se só tivesse o dia de hoje para o fazer e mais nenhum para o completar.E só o queria fazer em ti...contigo, no meu corpo,no teu corpo,bem abraçados,embrulhados em beijos esfomeados e em saudade que saliva,que jorra sem medo da entrega.
 Sinto-te com medo de me perderes...tal como imaginei, tal como esperei e sonhei...Sinto o mesmo, como se deixássemos de ser os tais anjos que não são invencíveis,mas inesquecíveis.
Deixa-me abraçar-te aqui,neste lugar onde os pássaros não chegam,onde alto,alto,bem alto sei que consegues abrir o teu coração,sei que consegues que me exponha.Aqui,mão na mão,olho no olho,corpo com corpo,é onde encontras o lar da tua alma que nada teme,a nascente da tua essência, onde fluis sereno e tu mesmo.
Que aqui,neste céu da tarde só nosso,possamos encontrar juntos,em colo e entre beijos doces,a paz que urge aos dois, o amor, que permanece e o desejo que persiste.





"Por ti"

"I never told you"


"‎Talvez a maioria de nós escreva a sua própria história improvisando à medida que esta se desenrola. Mas outros parecem ter vidas que estão já moldadas e planeadas às quais não podem escapar. Perfeitas como círculos. Se algumas vidas formam um círculo perfeito, outras assumem formas que nem sempre podemos prever ou compreender. A perda faz parte da minha viagem."  








As palavras que nunca te direi.