sexta-feira

Je T'aime


O carvão do lápis desliza negro e convicto numa folha solta de um caderno qualquer.Desenha certo mas sem destino,que rebola no papel em danças redondas,em desenhos imprevistos,em corno-cópias estampadas ao acaso.Símbolos mitológicos que em espiral aqui vertem amplitudes que não sinto.
Dou por mim a rabiscar sem pensar, perdida em pensamentos que convergem em ti.
 Gostava de não me lembrar tanto da tua ausência,de não me lembrar tanto de ti...preferia não sentir a falta do teu toque, do teu calor. Seria tudo muito mais fácil,acreditava assim que não seria impossível.
Sem querer escrevo uma palavra entre garantias,letras que se juntam,que se agrupam para me gritar bem alto o que sinto: "Amo-te".
Amo-te? Sim, amo-te.
O inconsciente pintou aqui o que a minha alma sente, o que o meu coração chora,o que não quero dizer, onde me vou enganando no meio do negro do carvão.
Repetia-me em "amo-tes" que se reproduziam por entre linhas e sombras, num exercício que puxava a intensidade dos meus sentimentos.Novas fotocópias e rabiscos surgiam sem significado aparente.
Estou inquieta, triste, desiludida, não acato este estado, não me acomodo nesta fase que preciso que seja uma passagem,uma ponte para algo mais,uma ponte para ultrapassar caminhos.A ponte dá voltas e voltas e não passa para o outro lado. Para trás não volto, para a frente andar não consigo,nem a correr me imagino.
Mergulho no lado escuro do poço dos meus desejos, nocturno e frio,sombrio e pacato este lugar onde eu mesma me trouxe, que eu mesma procurei,que eu mesma escolhi.
Sinto no pequeno fusco de luz a minha fronteira, e peço por favor 'dá-me a mão', puxa-me para ti e ajuda-me a subi-la... sem ti não o conseguirei fazer.

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